A Pulga em seu aposento no mais profundo pelo felino, agasalhada está. De olhos castanhos, fixos, olha incansavelmente o intenso e imenso corpo em que habita. É seu melhor ângulo.
Consegue atravessar vias expressas. Isso porque é dona de pernas longas, resistentes e flexíveis. Têm um corpo marrom escuro e achatado.
Feliz, saltitante a criatura consegue saltar até 18 centímetros na vertical e trinta e três em horizontal, porque contém placas na superfície do seu corpo. São consideradas as campeãs de salto da natureza.
Milhares são seus descendentes, todos espalhados nas florestas, parasitas de animais ricos em alimentos.
Pelo de onça, barba, buço, como é bom esse habitat para as pulgas! A canalização sofreu mudança. Corre mais lento. A intensidade do tráfego mudou. Os ovos estão para eclodir, precisa de alimento para continuar o ciclo.
O pulsar diminuiu, as batidas perdem forças. Como um médico, a pulga percebe todos batimentos. Sabe calcular os decibéis do ar nos pulmões que sofre redução.
Exímia observadora da fonte de alimento e riqueza habitável, se preocupa. Seus filhos estão para nascer. Percebe algo estranho com o felino selvagem.
Nunca na história da vida de uma pulga ela pensou em sair do seu conforto macio, mas dessa vez saltitando sai em busca de entendimento. Estaciona no mais alto nível antebraço da onça posição onde consegue alcançar os olhos verdes mar, para uma longa conversa entre eles.
O que houve com você? Emblemática, misteriosa da floresta brasileira? Meu poço de alimento! Minha riqueza! Meu baluarte de sangue saudável! Majestosa Onça, pintada! Pantera, felina!
Já te vi camuflar, atacar presas, em florestas cheias de sombras. Lamber o próprio pelo ou o pelo do outro.... Pegadas marcantes nesse mundo selvagem. Imponente! A percebo, anêmica, fraca, débil, sem esperança jaguar, leopardo?
Ho imperador! Soberano! Não posso voltar sem respostas. Diga-me o que houve com sua bravura? Sabiamente, respirando lento, mas firme em seus propósitos o felino responde. Eis-me aqui! Os poros da terra estão sendo maquiados com uma hidratação a base uniforme de fumaça.
Um rímel de plástico para delinear os buracos das camadas de ozônio. O blush da maquiagem é o petróleo espalhado pelo pântano. A camada luminosa de acabamento é o fogo com seu brilho encantador e devorador em segundos.
O pó translúcido traz a leveza e a transparência por falta de árvores. O pincel corretivo vem refazendo tudo corrigindo as grandes áreas das olheiras da terra que sofre.
O melhor de tudo isso, usurpadora, parasita, sugadora de meu sangue é que existe o demaquilante ele é a esperança. Remove tudo, depois da exposição. Retira resíduo de poluição prime. É Master. O mais perfeito.
Sonhando de olhos abertos, percebo, árvores frutíferas rios de águas límpidas, insípidas, inodoras, a voz do vento, a brisa do Leste. Consigo contemplar áreas preservadas. Uma beleza do Edem. O Cachorro do Mato, o Quati, alimento para todos.
Aqui, não tem degradação os machos lambedores selvagens ferozes e velozes encantam. As fêmeas ateiam ao ar e estimulam o odor mais agradável, deleitoso apetitoso já existente na terra! Sinto-me jubiloso, viril e faceiro.
Deixa-me pequena pulga viver esse momento intenso aqui do outro lado do SONHO. Mas faça-me um favor.
Você que se arriscou ao sair do conforto da sua morada felina para contemplar meus olhos cansados, sem vida, e sem forças. Veio em busca de entendimento. Os leva de volta? Levantarei em vida desse sonho ao qual estou vivendo os melhores prazeres da existência?
A pulga parasita levantou as pequenas mãos voltadas as pálpebras com intenção de protege-las do sol extremamente quente, olha ao horizonte.
Sim! Dominador selvagem. Consigo ver muitos demaquilantes. Milhares deles. São as crianças desse Século. Inocentes, mas valentes. Estão todos de testas franzidas, de um lado a outro. Olhando para cima.
Questionam não entendem ainda porquê a terra tão linda! Tão perfeita! Foi maquiada? Elas estão sendo preparadas. Conseguem perceber que podem SIM, imperador da selva, fazer acontecer uma grande mudança para esse mundo insano.
Luís Eduardo Magalhães, BA, Brasil 17 de setembro de 2020
Celma Pinto dos Santos Póvoa
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