Uma flor que cai para baixo. Uma flor que cai para cima.
O que mais preocupa um bosque? É um fenômeno que consiste no desprendimento de
calor e luz, produzidos pela combustão de um corpo. De um corpo? Língua de fogo, labaredas, chamas. Ele pode acabar com as espécies e o alimento do mundo inteiro que Deus criou.
O planeta terra tem sido generoso. O ser humano prospera naturalmente. Recebe da natureza, água, alimento, plantas medicinais. Materiais para construção de abrigos e ainda fornece ciclos naturais e nutrientes.
O bosque traduz sensação de liberdade, vida, verde. Terreno coberto por formação vegetal.
Luz por entre frestas, ouve-se relinchar de cavalos, vozes ao longe. Vento suave.
Em noites frias, gotas de orvalhos. Em madrugadas solitárias aurora boreal.
O bosque goza de felicidade e deleita em prazer e extrema paz. Sabe da importância de proteger animais e com suas folhas adubam os alimentos. Fornece satisfação aos que o procuram para viver momentos de sossego na mente.
Com tanta calmaria o bosque começa a observar fumaças ao longe. De imediato a fumaça demostra uma sensação de companhia. Um alívio saber que existem pessoas vivendo normalmente.
A fumaça aumenta e vai se aproximando.
Ameaças? Preciso ficar mais atento! Não estou sozinho.
Nessa cobertura arbórea, encontram-se calangos, bugios, bichos- preguiça, frutas silvestres.
Inquieto com o aumento das ameaças, dos perigos rondando percebe a falta de algo.
Onde estão as flores do campo? O que ouve com elas? Que direção tomaram?
Preocupado o bosque observa mais e mais as queimadas, o aquecimento, a poluição do ar e da água. Extinção de espécies. Resolve eleger um líder que ficará responsável para permanência do alimento na terra. Para isso precisa do apoio de todos. Com suas pernas retas e longas caminha em busca de um condutor que trabalhará em prol de todos.
Encontra os rastejadores que podem ajudar.
A serpente sente as vibrações do solo, é desprovida de audição possui uma língua em duas ramificações de tato e de olfato.
O lagarto possui pernas fortes e escamas em seu corpo.
O Jabuti são dispersores de sementes nas florestas.
Depois de muitas discursões com essa espécie. A serpente foi a escolhida e se pronuncia:
Sou desprovida de audição o que não me impede de ser ágio, tudo pode ser descoberto e protegido pelas vibrações do ambiente. Esse domínio sou eu que possuo.
Andando encontrou animais que possuem penas.
O falcão sempre atento e em alerta.
A coruja têm retinas fáceis de visibilidade é uma exímia observadora noturna.
O sabiá símbolo do Brasil com seu canto encanta.
Nessa espécie, A coruja foi a eleita, e assim se pronuncia.
-Eu simbolizo o pensamento. Individual e corretivo é o momento em que você assume que ouvir o conselho e mudar a atitude é o melhor caminho.
E foi escutar as espécies que voam.
A Água disse: - Senhor, bosque eu posso ajudar muito mais. Possuo uma capacidade de olhar extraordinária. Oito vezes mais que a visão humana.
A Andorinha: - Eu possuo agilidade, beleza e elegância, sou apaixonada pela vida, faço voos rasantes.
A abelha – Eu possuo assas e em algumas regiões do corpo são cobertos por pelos. Sou o animal que forneceu uma das primeiras bebidas para humanidade. “O Vinho de mel.”
Aqui, depois de muito debate, a abelha foi a eleita.
Cumprindo a democracia precisava continuar ouvindo as propostas de outros representantes.
- Eu sou o tigre, imponente, perigoso. Posso ajudar atacando quem vier prejudicar nosso alimento.
- Eu sou o Lobo carnívoro, predador ocupo o topo da cadeia alimentar. Posso abocanhar, espremer o sangue de quem ousar acabar com nossa nutrição.
- Eu sou o Gato tenho unhas retráteis, corpo flexível, musculoso e compacto. Seguro quem atrever acabar com nosso mantimento.
Com sua flexibilidade e meiguice o Gato ganhou a eleição.
Depois de conversar com várias espécies, os quatros candidatos eleitos vão se esforçarem para assumir o posto. Cada um se defende como pode.
A Serpente se pronuncia: - Sou flexível, me alimento de carnes, sou forte, sou astuta, posso convencer todos a fazer o que você determinar mestre bosque.
Abordou a coruja: - Posso conferir em trezentos e sessenta graus. Terei o domínio de todas as direções. Ho mestre da calmaria.
O Gato entra em defesa dos felinos: Eu sou mais flexível que a serpente e minhas garras são afiadas. Quando pego não largo. Altíssimo bosque.
Abelha disse: Eis-me aqui. Fabrico néctar. Sou importante para a humanidade em vários aspectos, entre todos a fabricação de mel. Mas a maior importância de minha existência é a contribuição que dou para todas as plantas de todo mundo.
Conforme a literatura científica o meu desaparecimento pode acabar com a humanidade inteira. E é você mestre bosque que me oferece milhares de alimentos para polinizar diariamente.
Em aplausos se curvaram: Não havia mais nesse momento, réplica, tréplica, ou contrarréplica.
A vencedora e acolhida por todos foi a Mister Abelha que já recebeu de imediato uma petição curiosa.
Ágil e determinada, voa em busca de entendimento.
E encontra: Uma flor que caiu para baixo. Uma flor caiu para cima.
Recebi uma petição para entender o por que não tomaram as mesmas direções, flores lindas que a pouco tempo, bailavam, enfeitavam e aromatizavam o bosque?
A flor que caiu para baixo responde: Majestosa abelha que polinizou minha juventude. Esse é um novo ciclo ao qual vou viver. Daqui posso ver maravilhas.
Nesse ângulo ao qual me encontro minhas forças não se esvaíram.
A Maior reserva de água doce está disponível aos meus olhos. Abaixo nos mares subterrâneos. Consigo ver o nascimento dos vulcões submarinos, fossas oceânicas, e abissais.
No centro da terra, consigo observar além de ferro metálico outros elementos como enxofre, silício, oxigênio, potássio e hidrogênio, em quantidades inimagináveis.
Você sabia que aqui embaixo tem um mineral que atrai hidrogênio, retém, acumula e guarda água?
Vejo também o amianto. Um minério em fibras perigosas à saúde. Aqui não são só flores.
Agora tenho a visão das bactérias e arque-as que existem no planeta. Todas estão aqui no subsolo. Vejo a crosta da terra e a transformação da rocha mãe. Vermes, micróbios, e germes cada um com sua função.
Vejo o brilho do ouro, das pedras preciosas.
Consigo ouvir os sons aquáticos subterrâneos que tranquilizam, mente insana e também mente sã.
Toda a humanidade de outrora dorme embaixo de vossos pés. O ar já não lhes são mais úteis.
A sociedade ao qual vejo nesse ângulo, é uma sociedade que jaz ao juízo final.
Nesse ciclo ao qual caminho para a decomposição, vivo momento de extremo conhecimento.
Afirmo e reafirmo que com a riqueza existente no subsolo se bem cuidado, protegido e regado, você pode contar com mais treze bilhões de anos para polinizar os alimentos. Ou terá treze milésimos de segundos para um triste fim. O fogo, que preocupa o bosque, não poupa ninguém.
Agora, diga-nos, flor que caiu para cima o que vês nesse ângulo que já não posso mais contemplar.
O bosque democrático, o animal mais importante para uma sociedade a abelha e eu, estamos todos ouvidos.
Precisamos liberar nossa representante para cumprir a missão ao qual foi escolhida.
A flor que caiu para cima, responde.
Ouço sinais de galáxias distantes.
Daqui posso contemplar a misteriosa lua de saturno. Anéis? Orbitam? Como?
Pela rede a fora eu vou bem rapidinho levar esses doces para os alienadinhos.
Vejo um Lobo que hoje também oferece doces. Ele é astuto, inteligente, persuasivo, usa de duplo sentido, e andam, andam muito. Mas não mais em matilha, e sim em “rede social”.
Apresenta de fácil acesso o belo, o colorido, rápido e muito convincente. Uma presa gratuita para os despercebidos e alienados.
Vejo que a estatura, o pescoço do homem também mudou, em frente e para baixo sempre em continência voltado para uma mídia.
O que assusta a humanidade? Inteligência artificial. Ao mesmo tempo que aproximam, afastam possibilidades.
Possibilidades? Máquinas inteligentes x forças do trabalho humano. Você é um robô? Responda você, ou marque a caixinha para prosseguir.
Vejo uma inteligência artificial aumentando proporcionando melhorias gigantescas e afastando o homem do jeito mais primitivo de alimentar, ensinar e educar os seus. Em seu lugar? Robô sem cálice.
Não! Não sentem dor, nem sentimento por ninguém.
Vai majestosa abelha, polinize a maça do amor, a uva do vinho bom, a a laranja diurética e a melancia afrodisíaca.
Porque a sociedade que posso ver nesse ângulo é viva se alimenta. O sangue corre nas veias, ela respira, suspira. E o melhor de tudo ela pensa.
Oi? Pensar? Sim a hora é agora, o momento é esse de pensar sim e mudar atitudes porque tudo que a inteligência artificial anseia é imitar o cérebro do homem. As sensações.
Luís Eduardo Magalhães, Bahia-Brasil, 21 de outubro de 2021.
Celma Pinto dos Santos Póvoa
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