- Oi, você está aí?
- Sinto seu pulsar. O sangue que molha você é o mesmo que corre em nós.
- Acordamos juntos, abrimos para o mundo juntos somos as janelas da alma.
- Próximos, lacrimejamos juntos de alegria, felicidade ou extremo deleite que a carne vive a se deliciar. Há quem chora de prazer.
- Vivo ao seu lado direito. Sonho com o dia em que vamos olhar de frente um para o outro.
- Estava pensando. Acredito que ao deitar se for de lado ficaremos um sobre o outro. Se agasalharmos direito teremos um ângulo em que possamos nos ver. Se for de bruços, sem chance. Só o travesseiro será massageado por nós.
- Hoje terá acrobacias em meio aos pulos e saltos quem sabe posso te olhar. - Sei que você, é um lindo farol. O mais belo de todos. Meu coração está tão feliz com essa possibilidade de trocarmos olhares um para o outro.
- O que os olhos não veem o coração não sente. Mas eu sinto você bem ao meu lado. E nunca te vi.
- O que está entre nós são os respiradores, sugadores de ar. Levam aos pulmões a vida. O ar é vida em abundância. É o sopro humano. O nariz é um sistema de respeito.
- Você ouviu? A boca falou que sairemos de férias. Será que nas férias com todos em harmonia com a vida e a natureza teremos uma chance...
- Teremos sim! Eu creio.
Preparação para primeira viagem. Grandes expectativas, muitas malas, tira, bota, leva não leva. Que delícia. A vontade em proporcionar esse encontro é uma emoção gostosa e agradável. Não tem explicação a sensação sentida.
Toda tentativa de encontro não foi possível. Mas a esperança dos olhos são de prováveis visões entre eles.
De férias a passearem, avistam uma escadaria. De degrau a degrau elevam passos largos as possibilidades. No mais alto cume em que se encontram percebem uma limpidez, um cristal. Aquela luz brilha muito, é chamativa e atraente.
- Não, podemos vislumbrar, somos obedientes e teremos que ser responsáveis.
- Saímos sozinhos. Esse brilho que nos chama pode ser prejudicial para nós. Estamos no último andar de um prédio em uma metrópole movimentada.
- Estive pensando e se olharmos por cima do nariz?
- Não. Não existe essa possibilidade somos em horizontal e o nariz em vertical a altura entre nós é muito grande. Não alcançaríamos.
Depois de um dia de sobe e desce os olhos voltam para casa. Estão perplexos com tanta beleza em um dia de passeio. Mas Direito não esquece daquele brilho que viu as alturas de um Shopping.
Não vê a hora de voltar para poder apreciar mais próximo tanto brilho e encantamento, que lembra um, cristal. O que seria?
Uma lâmina de vidro ou de cristal metalizado na face posterior e cuja parte anterior é usada para refletir luz e imagens de objetos e pessoas. Uma superfície lisa e polida.
Os espelhos de vidros descobertos em Veneza desenvolvidos com uma mistura de prata, alumínio, estanho e mercúrio. É uma superfície que reflete um raio luminoso em uma direção definida. Assim como os olhos.
Não dormiram, piscaram a noite toda imaginando o retorno aquele lugar misterioso, prazeroso. Um lugar que trouxe esperança de regozijo, muito contentamento. Sentiam que poderia realizar o sonho o desejo que tanto cobiçam.
Ao retornarem, em outro dia. Passos lentos vão chegando perto. Em uma reflexão difusa, se aproximam, coração bate forte, arrepios levantam os pelos dos braços e do corpo inteiro. Calafrio na barriga, brilho no olhar, a boca em salivação, sensação de extrema felicidade poder contemplar você meu companheiro.
Como esperamos por este dia. Percebemos que sem o reflexo do espelho nunca teríamos essa oportunidade de nos olharmos de frente e eu poder ver como seu brilho é magnifico e revela o grau de satisfação que estamos sentindo um pelo outro.
Bendito seja a inteligência do homem. O dom da arte de criar e modificar, de recriar. De trocar os órgãos e dar continuidade a vida. De descobrir a vacina para um vírus. De fazer seu semelhante feliz.
Luís Eduardo Magalhães, Bahia, Brasil 12 de dezembro de 2020.
Celma Pinto dos Santos Póvoa
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